Sobre pessoas, empatia e os nossos negócios.
Torne-se aquilo que és.
Nietzsche, Friedrich
Pense em um processo no qual para se resolver os problemas das pessoas, elas são inseridas na construção da solução, de modo que esta não somente atende de forma muito clara e objetiva a problemática, como também gera um alto impacto sistêmico e sustentável devido a integração das múltipla competências envolvidas nestes times heterogêneos.
E estamos falando da pessoa, do ser humano pensante e não do cliente, do consumidor ou do público alvo (esse termo é terrível!) — algo etéreo, quase uma figura de linguagem. E para quê? Para que o tradicional top-down não prevaleça nas soluções, (des)orientando as organizações.
Estas tendem a ser orientados por crenças, as mecânicas comportamentais (muitas destas inconscientes) e paradigmas do indivíduo que genialmente resolve o problema. Gênio, aliás, tem origem no termo indo-europeu gen ou gnê, que significa “gerar, engendrar, fazer nascer”. E isso não faz mais sentido, um alpha que impõem uma solução e todos acatam. Por muito tempo foi assim majoritariamente. Mas hoje o poder mudou de posição, quem decide e orienta as decisões é a crowd. Algo como um “gênio coletivo”.
Hoje formada por essa turma:
Novas perspectivas, novos valores, novos paradigmas. Da geração que viu um país se consolidar, fomos de uma infância analógica para uma adolescência que amadureceu com a internet. Essa é a grande maioria no mercado de trabalho hoje.
Mas, o mundo já está sendo construído com novos comportamentos, que vêm direcionando e nos ensinando muito.
Assim, a crowd é fomentadora e construtora do mundo, não somente influenciando as demais gerações, como também consolidando novos paradigmas, considerando as opiniões dos mais experientes.
Então: “projetar para” ou “projetar com”?
A segunda opção
Mas é preciso não ficar apenas num discurso bonito. É preciso ter mecanismos e estar consciente, evitando o nosso próprio boicote egocêntrico, de forma que o processo seja realmente autêntico. E isso é empatia.
Vai além das metáforas “vestir os sapatos dos outros” ou “ver com os olhos dos outros”. É preciso realmente espelhar o outro em si mesmo de forma a compreender legitimamente suas emoções e anseios, sem julgamento de valor. É um processo de coragem e foco, e só depende do próprio indivíduo, e não do outro.
“… pessoas que não sentem vergonha não têm capacidade para empatia ou conexão humana.”
Brené Brown
Se compreender e se perceber são fatores primordiais antes de se conectar (ou emular) com o outro. Brené Brown apresenta seu estudo no TED de que a vergonha, a não autoaceitação, pode prejudicar muito a habilidade de querer entender o outro.
Se solidarizar, experimentar um sentimento de companheirismo, “#tamojunto”, é outra coisa, e se chama simpatia. É muito fácil ultrapassar a linha tênue entre ambos os contextos.
Mas não precisa ser um processo apático, gelado, já que a própria empatia vem do grego EMPATHEIA, “paixão, estado de emoção”, de EN, “em”, mais PATHOS, “sentimento”. Precisamos espelhar a paixão do outro. Não como ver um filme, mas como ser o personagem principal, em cada detalhe, cada respiração.
Imagine um processo onde ser empático é uma máxima a ser aplicada. De forma que todos são incentivados a expressar esse comportamento, encorajando as pessoas a não darem “opinião” ou “achismo”, mas que busquem um profundo entendimento sobre as pessoas que estão envolvidas no processo (ou no chamado “problema”), dando muita importância em cultivar uma propriedade partilhada das ideias. Pois, quando uma nova ideia surge, é a ideia da equipe e não de um indivíduo.
E não fica por aí. E se novamente as pessoas envolvidas não ficassem somente como alvo de pesquisa, mas participassem do processo, seja em ideação, prototipação ou validação?! Onde a necessidade de heterogeneidade e de variação na capacidade humana é comum e estimulada, não considerada especial ou diferenciada, e afeta a maioria de nós para alguma parte de nossas vidas.
Desta forma, pode-se dizer que o processo é poderoso e influencia profundamente as nossas vidas diárias e o nosso senso de confiança, conforto e controle, seja como participantes ativos (envolvidos no projeto, na busca pela solução da situação problema) ou seja como futuros consumidores da solução.
É baseado na crença de que ao conectarmos as pessoas para “fazer junto” conseguimos extrair o melhor delas e para elas, e é assim que a Multiverso trabalha. Não é só um discurso bonito mas uma prática intrínseca da nossa forma de ajudar as empresas e os empreendedores a tornar os seus negócios relevantes nesse novo mundo.